Esta resenha foi elaborada com o intuito principal de se obter a nota da 1º avaliação bimestral da disciplina de Política III do Curso de Ciências Sociais Bacharelado, da Universidade Federal de Alagoas. O trabalho faz uma breve explanação sobre a obra de maior peso do sociólogo Robert Michels, "Sociologia dos partidos políticos". Posteriormente, publicarei também outras resenhas, a respeito de outras obras da ciência política, desenvolvidas por outros companheiros de curso. Boa leitura.
Resenha
Sociologia
dos Partidos Políticos
Robert
Michels nascido em 1876 em Colônia na Alemanha foi sociólogo e um dos grandes
expoentes de análise do comportamento das elites intelectuais e dos partidos
democráticos modernos, morreu em 3 de maio de 1936 em Roma. Tornou-se conhecido
principalmente pela sua obra: Sociologia dos partidos políticos, inscrito
antes da I Grande Guerra. Nesta obra, Michels procura analisar com maior ênfase
como os partidos políticos que repousam as suas concepções políticas na
instauração da democracia, pensando estratégias no seu desenvolvimento,
transformam-se em organizações oligárquicas, tendo como concepção de democracia
a iniciativa popular. Os entraves encontrados no interior da espontaneidade
assembleísta, acarreta de forma inevitável o surgimento de grupos de dirigentes
e dirigidos, ou seja, o monopólio das decisões por uma oligarquia.
Para
Michels o ideal prático da Democracia é o autogoverno este, por sua vez,
necessita de uma organização para se consolidar. A ausência de organização
levaria qualquer grupo de massa a se deparar com dificuldades técnicas
(condições de resolver diretamente as controvérsias que surgem no grupo) e
mecânicas (reunir os indivíduos no tempo e espaço) que acarretariam a degeneração
do grupo (partido). A delegação de certas tarefas a determinadas pessoas
escolhidas para chefia-las evitaria o ônus dos debates tumultuados e geralmente
pouco construtivos.
Em um primeiro momento estas organizações
fundamentam-se em ideais de democracia e igualdade, porém, como já foi
apresentado, Michels expõe que a impossibilidade mecânica faz surgi à
necessidade de se ter representantes, deixando claro ainda que a patologia das
massas e se deixar envolver por discursos eloquentes proferidos por grandes
oradores populares, segundo ele é mais
fácil arrebatar uma multidão desnorteada e descompromissada, do que um grupo
menor circunstancialmente mais favorável à reflexão por isso mais difícil a
persuasão. Um dos argumentos mais utilizados contra a soberania das massas é
amparado pela impossibilidade mecânica e técnica de sua realização. Essa
observação é percebida na tentativa de reunir regularmente assembleias
deliberantes com milhares de pessoas, e pela própria diversidade entre esses
membros surgem às dificuldades de tempo e espaço. Além da impossibilidade
topográfica da soberania popular assembleista, há razões de ordem técnica e
administrativa que tornam o governo irrealizável: os partidos democráticos
modernos possuem controvérsias internas marcantes, que a relação coletiva
demonstra uma impossibilidade de resolução. Por isso a necessidade de delegar a
pessoas capazes de representar a massa, garantindo a realização de sua vontade.
Inicialmente, segundo Michels, esse arauto que é apenas servidor da massa funda
as relações na equidade que é absoluta, uma igualdade genérica, entre tanto
essa concepção de igualdade genérica metamorfoseia-se em igualdade entre
“camaradas” de diretórios, comitês, organizações, uma igualdade sectária. O
postulado da “declaração dos direitos do homem” reafirma o principio
democrático de participação igualitária, o caráter de configuração reducionista
é legitimada pelo sufrágio. Nos partidos políticos modernos é atribuída aos
chefes uma espécie de “consagração oficial” insuflando a necessidade de se
formar uma classe de políticos profissionais, de técnicos da política, figuras
ágoras centrais nas organizações proletárias, indivíduos que são dotados de
instrução e dominam o aparato legal: as regras do jogo.
Em uma
abordagem retrospectiva Michels relembra o surgimento de “viveiros” destinados
a fornecer às organizações, com rapidez, “funcionários” dotados de alguma
“cultura científica”. Sem dúvida o aprimoramento técnico produzido por tais
instituições educacionais criou uma elite que se distanciava cada vez mais da
massa. Daí o poder de decisão, considerado um dos atributos chaves dos chefes
políticos ser aparado pelo saber técnico que concentra cada vez mais a vontade
coletiva. Anteriormente delegada a um executor, aquele que agia coletivamente,
agora atua de forma independente do controle da massa. Um dos pontos chaves
evidenciado por Michels é que quem fala de organização fala em tendência à
oligarquia e ao mesmo tempo em que a organização lhe da uma estrutura sólida é
provocado na massa graves modificações, dividindo o partido ou associação em
uma minoria dirigente e uma maioria dirigida.
Para
Michels o processo de organização dos partidos políticos modernos está
diretamente ligado a uma normativa oligárquica, na medida em que o sustentáculo
do partido democrático – exemplificado no partido socialista – é a massa que
tende a se afastar do epicentro das decisões políticas. Essa condição no qual é
visualizada a democracia decorre do processo de complexificação da sociedade
moderna. Por isso para Robert Michels a democracia é incompatível com a
prontidão estratégica, a dinâmica interna que está pautada no “designer
institucional” que requer conhecimento das regras por parte dos jogadores¹.
Esse conhecimento estatutário – constitucional – que o chefe político dispõe
torna-se um direito moral a perpetuação no poder, comporta-se como vitalício, e
o habitus político fundamenta-se no personalismo, presentes
também nos grandes partidos organizados. A ameaça da saída da direção de um
líder político estrategicamente para reforçar o poder sobre as massas.
A
necessidade de um chefe entre as massas, segundo Michels é explicado pelo
número de pessoas que se interessam pelos assuntos públicos ser ínfimo, apesar
de muitos cidadãos gozarem de direitos políticos. Essa renúncia dos assuntos
públicos é uma renúncia voluntária. Michels diferencia ainda o campo das
cidades-centros, o papel do cidadão que mora longe desses grandes centros se
limita ao cumprimento dos deveres sociais: pagamento das cotas e votação,
durante as eleições, em favor de candidatos que se organizam pela ótica da
cidade “grande”. O que reafirma a política em torno de uma polis organizada.
Apesar de
muitos se queixarem, no fundo, estão encantados por ter encontrado indivíduos
dispostos a cuidar dos seus interesses. Para Michels a necessidade de serem
dirigidos é muito forte entre as massas. Essa necessidade exógena de iniciativa
política, no qual as massas são guiadas, ao mesmo tempo é um fardo para o chefe
político, a atividade desenvolvida pelo chefe do partido profissional é
extremamente fatigante e prejudicial à saúde, e de extrema complexidade. Além
da indiferença das massas e da necessidade de serem guiadas, Michels evidencia
outro fator, de qualidade moral mais relevante: o reconhecimento das multidões
pelas personalidades que falam e escrevem em seu nome. Isso é expresso pela
renovação indefinida do mandato dos chefes que se destacam pelos serviços
prestados ao partido. É interessante analisar quando Robert Michels afirma a
necessidade de se genuflexão das massas, não só diante dos grandes ideias, mas
diante dos indivíduos, aqueles que representam os ideais.
Ao final da segunda parte Michels analisa o
burocratismo, de tendências centralizadoras e descentralizadoras. Na medida em
que os dirigentes de sindicatos se especializam nas questões práticas, eles
deixam de ter uma visão conjunta sobre o movimento operário, quanto mais há uma
dedicação ao estudo de questões técnicas, menos tempo e interesse há para
questões maiores da filosofia da história. Segundo ele essa tendência à
especialização exclusiva é um fenômeno característico da vida moderna em geral.
Nos grandes partidos nacionais há uma tentativa de centralização partidária,
para que as questões de ordem internacional se esvaiam com as especializações,
porém essa característica de centralização não é absoluta, observando também a
descentralização promovida pela minoria compacta dos chefes. Enquanto que a
palavra de ordem das maiorias é: centralização; a das minorias é: autonomia. Ao
final Robert Michels observando a estratégia das minorias em colocar a
descentralização – como no parlamento se observa a fragmentação política vista
nos representantes de vários lugares – como processo de não oligarquização,
traduz-se que esse processo em nada afeta o princípio oligárquico como tal:
eles apenas têm como efeito a formação de oligarquias de menor extensão que
exercem poderes nos seus limites de ação.
Através
dos aspectos abordados nesta obra de Robert Michels pretendo posteriormente
desenvolver uma breve análise da conjuntura política alagoana, considerando a
atuação de dois grandes partidos políticos nacionais, PT e PSDB, sua
estruturação local, áreas de maior influência em questão de território, entre
outros elementos que dão uma característica toda partícula a atuação desses
partidos políticos em Alagoas.
Referências bibliográficas:
Michels, Robert. Sociologia dos partidos políticos.
Pensamento Político.
Publicação:
Parnasiando.blogspot.com
Suzeane Mayra de Oliveira
Cavalcanti
3º período, Ciências
Sociais Bacharelado
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