Os ministros
do Supremo Tribunal Federal decidiram por unanimidade, nesta quinta-feira (25), que a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental –ADPF 186, proposta
pelo Partido Democrata- DEM, faz-se por completa improcedente. Nesta ação,
ajuizada em 2009, o DEM questiona a política de cotas raciais executadas pela
universidade afirmando que esse sistema encontra-se em total contrariedade com
a Constituição Federal, ferindo princípios fundamentais como o da dignidade da
pessoa humana, o princípio da igualdade, além de estimular a prática do racismo.
Merece destaque colocações brilhantes como a pronunciada
pelo ministro Gilmar Mendes, onde falou que o reduzido número
de negros nas universidades é resultado de um processo histórico, decorrente do
modelo escravocrata de desenvolvimento, e da baixa qualidade da escola pública,
somados à “dificuldade quase lotérica” de acesso à universidade por meio do
vestibular. Feliz foi a colocação do ministro
Celso de Melo ao dizer que “O desafio não é apenas a mera proclamação formal de
reconhecer o compromisso em matéria dos direitos básicos da pessoa humana, mas
a efetivação concreta no plano das realizações materiais dos encargos
assumidos”. Com relação aos questionamentos de que o sistema de cotas seria inconstitucional, por ferir o princípio da igualdade, o ministro Cezar Peluso assegurou que “há a responsabilidade ético-jurídica
da sociedade e do Estado em adotar políticas públicas que respondam a esse
déficit histórico que incide sobre estes setores, na tentativa de superar, ao longo do tempo, essa
desigualdade material e desfazer essa injustiça histórica de que os negros são
vítimas ao longo dos anos”. Pontuou ainda "quanto ao argumento de que as pessoas devem ser
avaliadas não pelo que são e sim pelo que fazem, ele opôs o argumento de que quem
afirma isso esquece que o que as pessoas são e fazem depende das oportunidades e das
experiências que tiveram para se constituir como pessoas”.
O reconhecimento da constitucionalidade do sistema de
cotas reforça ainda mais a busca pela concreta realização do preceito
constitucional da igualdade, mais que isso, caracteriza a luta pela efetivação
da igualdade material, reconhecendo que a sociedade é sim marcada pela
desigualdade e pela exclusão de determinadas classes e que um primeiro passo
para se buscar reduzir esta visível desigualdade é oferecer mecanismo para que
estes setores menos favorecidos tenham maiores oportunidades de adentrar no
sistema educacional.
Como acertadamente disse o ministro Marco Aurélio, as ações afirmativas
devem sim ser utilizadas na correção de desigualdades e o sistema de cotas deve
ser extinto tão logo essas diferenças sejam eliminadas.
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